Em primeiro lugar, peço desculpas pela demora em comentar a corrida presidencial. Queria colher mais dados - que não vou postar integralmente - e formar uma opinião definitiva, tive êxito na primeira tarefa e fracassei tremendamente na segunda.
Não posso deixar de concordar com nosso amigo der praktischer, embora com menos ênfase no passado da dita cuja, é lamentável que caminhemos rumo a, pelo menos, quatros anos de administração Dilma Rousseff. No entanto, os demais candidatos não me empolgam nem um pouco.
Começarei explicando o motivo de minha aversão à lider nas pesquisas. Dilma Rousseff não é militante histórica do PT, nunca foi eleita por voto popular para nenhum cargo público e tem um histórico de fuga e de desculpas esfarrapadas, quando se envolve em algum escândalo, que talvez seja o que mais a aproxime da figura de seu inventor, digo, mentor. Ou seja, é um produto (mal) fabricado pela falta de opções depois dos sucessivos escândalos envolvento o alto escalão lulista.
Para mim, pouco importa seu passado na luta armada. Digo isso porque acredito na mudança e no amadurecimento ideólogico, citando como exemplo Fernando Gabeira. O problema é que ela não abandou suas idéias e, para piorar a situação, não as assume publicamente e sempre culpa canetadas sem ler e falhas de acessores quando suas verdadeiras intenções ameaçam vazar.
Outra séria decepção - que se estende às outras candidaturas - é a falta de coerência entre a ideologia, o discurso e as alianças do PT.
Ouso admitir que simpatizo - embora cada vez menos - com a militância petista, quando um amigo e militatante tentou me convencer de que as alianças fisiológicas eram um mal necessário, respondi que o argumento até fazia sentido, mas que seria justo que eles pagassem o preço de perder os votos de pessoas que não aceitassem a idéia de estarem votando em Michel Temer e apoiando e sendo apoiados pela família Sarney, Collor, Hélio Costa, Netinho, Tiririca...
O problema é que as outras candidaturas são tão, ou mais incoerentes.
Gosto muito do PV, das propostas, do que o partido representa. No entanto, do mesmo jeito que Lula impôs à militância petista uma canditata fabricada e a missão ingrata de apoiar arquiinimigos (ortografia antiga), Marina impôs ao PV o abandono de diversas bandeiras que caracterisavam e diferenciavam o partido "de tudo que está aí". Idéias "prafrentex" como descriminalização da maconha e do aborto, fim do serviço militar obrigatório, criação de "ecotaxas" para coibir o consumo de gasolina e a produção de automóveis, apoiadas abertamente pelo partido, não encontraram lugar no programa de governo da "alternativa" Marina Silva. Some-se a isso o fato de que a canditada esconde sua verdadeira agenda ideológica, que é conservadora e vinculada à religiosidade, dando respostas genéricas e evasivas a perguntas como: "Qual sua opinião quanto ao ensino religioso nas escolas?"
Outrossim, que fique claro que eu não tenho nada contra a escolha do vice bilionário, mas isso certamente incomoda boa parte dos "verdes".
A campanha de "Zé" Serra tem sido, sem demonstrar sinais de mudança para melhor, um verdadeiro fiasco desde o começo. A escolha tardia do vice (semi) desconhecido e falastrão, a mudança para um "approach" mais popular mal orquestrada e o cisma entre os aliados são, certamente, fatores que atrapalham muito as aspirações planálticas de "Zé". Mas o que mais me incomoda é o modo como o PSDB simplesmente esqueceu o seu passado. Do mesmo modo que o militante do PT supracitado, muitos tucanos afirmam ser necessário demonstrar que um eventual governo daria continuidade às conquistas da "era Lula"(odeio esse termo). Não posso discordar, bater de frente com a popularidade astronômica do atual presidente seria, no mínimo, uma manobra arriscada. Embora na minha humilde opinião, o partido não pode se esquecer de que a situação econômica atual foi construída desde o governo Itamar, com a participação crucial de FHC, tanto ministro como presidente. Ora, se a economia estável foi o que permitiu o avanço em todas as demais áreas, basta um pouco de criatividade do marqueteiro para transformar a "herança maldita" em vantagem eleitoral, sem tirar o mérito da equipe econômica de Lula que, aliás, já admitiu ter dado continuidade ao trabalho do sociólogo renegado. Agora, usar a imagem de Lula para tentar atrair votos para seu candidato de oposição é "demais pra cabeça".
Post Scriptum: Meu próximo post será dedicado à candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, que eu não apóio mas, que acrescenta muito ao debate acerca da atual situação do Brasil e tem lá suas contradições e fatos engraçadíssimos. Espero também conseguir emplacar uma charge de minha autoria.