quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Corrida Presidencial?

Em primeiro lugar, peço desculpas pela demora em comentar a corrida presidencial. Queria colher mais dados - que não vou postar integralmente - e formar uma opinião definitiva, tive êxito na primeira tarefa e fracassei tremendamente na segunda.
Não posso deixar de concordar com nosso amigo der praktischer, embora com menos ênfase no passado da dita cuja, é lamentável que caminhemos rumo a, pelo menos, quatros anos de administração Dilma Rousseff. No entanto, os demais candidatos não me empolgam nem um pouco.
Começarei explicando o motivo de minha aversão à lider nas pesquisas. Dilma Rousseff não é militante histórica do PT, nunca foi eleita por voto popular para nenhum cargo público e tem um histórico de fuga e de desculpas esfarrapadas, quando se envolve em algum escândalo, que talvez seja o que mais a aproxime da figura de seu inventor, digo, mentor. Ou seja, é um produto (mal) fabricado pela falta de opções depois dos sucessivos escândalos envolvento o alto escalão lulista.
Para mim, pouco importa seu passado na luta armada. Digo isso porque acredito na mudança e no amadurecimento ideólogico, citando como exemplo Fernando Gabeira. O problema é que ela não abandou suas idéias e, para piorar a situação, não as assume publicamente e sempre culpa canetadas sem ler e falhas de acessores quando suas verdadeiras intenções ameaçam vazar.
Outra séria decepção - que se estende às outras candidaturas - é a falta de coerência entre a ideologia, o discurso e as alianças do PT.
Ouso admitir que simpatizo - embora cada vez menos - com a militância petista, quando um amigo e militatante tentou me convencer de que as alianças fisiológicas eram um mal necessário, respondi que o argumento até fazia sentido, mas que seria justo que eles pagassem o preço de perder os votos de pessoas que não aceitassem a idéia de estarem votando em Michel Temer e apoiando e sendo apoiados pela família Sarney, Collor, Hélio Costa, Netinho, Tiririca...
O problema é que as outras candidaturas são tão, ou mais incoerentes.
Gosto muito do PV, das propostas, do que o partido representa. No entanto, do mesmo jeito que Lula impôs à militância petista uma canditata fabricada e a missão ingrata de apoiar arquiinimigos (ortografia antiga), Marina impôs ao PV o abandono de diversas bandeiras que caracterisavam e diferenciavam o partido "de tudo que está aí". Idéias "prafrentex" como descriminalização da maconha e do aborto, fim do serviço militar obrigatório, criação de "ecotaxas" para coibir o consumo de gasolina e a produção de automóveis, apoiadas abertamente pelo partido, não encontraram lugar no programa de governo da "alternativa" Marina Silva. Some-se a isso o fato de que a canditada esconde sua verdadeira agenda ideológica, que é conservadora e vinculada à religiosidade, dando respostas genéricas e evasivas a perguntas como: "Qual sua opinião quanto ao ensino religioso nas escolas?"
Outrossim, que fique claro que eu não tenho nada contra a escolha do vice bilionário, mas isso certamente incomoda boa parte dos "verdes".
A campanha de "Zé" Serra tem sido, sem demonstrar sinais de mudança para melhor, um verdadeiro fiasco desde o começo. A escolha tardia do vice (semi) desconhecido e falastrão, a mudança para um "approach" mais popular mal orquestrada e o cisma entre os aliados são, certamente, fatores que atrapalham muito as aspirações planálticas de "Zé". Mas o que mais me incomoda é o modo como o PSDB simplesmente esqueceu o seu passado. Do mesmo modo que o militante do PT supracitado, muitos tucanos afirmam ser necessário demonstrar que um eventual governo daria continuidade às conquistas da "era Lula"(odeio esse termo). Não posso discordar, bater de frente com a popularidade astronômica do atual presidente seria, no mínimo, uma manobra arriscada. Embora na minha humilde opinião, o partido não pode se esquecer de que a situação econômica atual foi construída desde o governo Itamar, com a participação crucial de FHC, tanto ministro como presidente. Ora, se a economia estável foi o que permitiu o avanço em todas as demais áreas, basta um pouco de criatividade do marqueteiro para transformar a "herança maldita" em vantagem eleitoral, sem tirar o mérito da equipe econômica de Lula que, aliás, já admitiu ter dado continuidade ao trabalho do sociólogo renegado. Agora, usar a imagem de Lula para tentar atrair votos para seu candidato de oposição é "demais pra cabeça".

Post Scriptum: Meu próximo post será dedicado à candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, que eu não apóio mas, que acrescenta muito ao debate acerca da atual situação do Brasil e tem lá suas contradições e fatos engraçadíssimos. Espero também conseguir emplacar uma charge de minha autoria.

3 comentários:

Post Scriptum disse...

Não sou partidário do "Zé" Serra e, muito prvavelmente, meu voto não será dele.

Caio disse...

Bravo! Melhor texto que eu ja li nesse blog. Digno da seção 'tendencias e debates' da Folha, tranquilamente. Keep on the good work mate!

Post Scriptum disse...

Valeu manolo. Acho que eu peguei meio leve com o Serra. Afinal, ele é apoiado pelo Roberto Jefferson, Quércia, Kiko do KLB, dentre outras figuras... Mas seria bater em bêbado. Até concordo, teoricamente, que ele seria o "menos pior". Até acho, sinceramente, que ele é bem intencionado. Mas, de boas intenções o Talibã está cheio...

Post Scriptum: Você não assinava com o nick do Blog os comentários? Abração!
Post Scriptum 2: Fiquemos de olho no Aécio. "The Force is strong with this one." Está quase conseguindo o milagre de fazer o Anastasia virar o jogo, é neto do Tancredo, está mais do que bem consolidado em Minas, tem bom trânsito em todos os partidos. Pode ser, ao lado do Geraldão (não gosto desse cara, mas...) uma das poucas esperanças de existir alguma oposição nos próximos anos.