sábado, 10 de julho de 2010

Melhor tópico da noite: Lima Barreto.

Afonso Henrique de Lima Barreto, assim era seu nome completo, nome completo de Lima, um “mulataço” que andava com a barba por fazer, sujo e mal vestido, concentrado sempre no próximo passo, como que em uma luta incessante contra o cambaleio. Vermelho, diziam ainda, de álcool ou de febre, não sabiam diferenciar. Contraste não parece? Um literato, escritor que hoje figura como um dos grandes nomes da literatura brasileira, aparecer assim, largado.


Lima Barreto nasceu ainda sob a autoridade do Império, no Rio de Janeiro em 1881, no dia 13 de maio, para morrer na mesma cidade no ano de 1922, faltando apenas oito anos para o fim de nosso primeiro período republicano. Morreu cedo, é verdade, passando pouco dos quarenta anos, vivendo bem trinta anos nesse Brasil da Primeira República.


Uma de suas principais obras é o conto “O Homem que sabia javanês”. Lá, Lima nós conta uma conversa na confeitaria, regrada a cerveja, entre dois amigos, um deles, chamava-se Castelo, um cônsul brasileiro.


Castelo é um picareta e bacharel, andava pregando golpes e fazendo dívidas de pensão em pensão, até que sua sorte mudou. Em um dia viu no jornal um anúncio que se procurava um professor de javanês, viu ai uma boa oportunidade de fazer dinheiro. Quem saberia tal língua? Poucos, para não dizer ninguém. Dominando o mundo das aparências Castelo se apresenta como professor, munido de conhecimentos elementares sobre essa língua e muitas curiosidades sobre Java, acaba por iludir o barão que tinha publicado o anúncio. Cai nas graças do barão que por sua “destreza” no javanês indica-o ao consulado, lá ainda fingindo saber a língua faz carreira e vive as custas do estado para fazer algo que não sabe, enganando aqueles que acham que o saber mais vale pela estética que pelo conhecimento.


O pequeno conto vale ser lido, pois se Lima Barreto recebeu muitas críticas pelo seu pouco “refinamento artístico” quando publicou seu primeiro livro, nesse conto o talento transborda ao final de cada linha. Lima ao apresentar a personagem Castelo – o nome já é por si só revelador – busca atingir o mundo formado no funcionalismo público da Primeira República e o seu representante é justamente um homem deplorável, Castelo, se fosse real, seria uma vergonha para escola diplomática brasileira.


A crítica de Lima Barreto penetra fundo, vai desde as nomeação de cargos até o a qualidade da gente que esse “novo Brasil” tenta fazer nascer.

2 comentários:

Post Scriptum disse...

O Blog estava indo pelo caminho da imprensa marrom e você vem e sobe o nível... Mas não vou me conter, meu próximo post vai ser sobre o caso Bruno. UHAUHAUHAUAHUHAUHA!

caio disse...

me lembro do nome lima barreto ter passado pela minha boca na dita noite, mas nao me lembro desse tópico em específico. Uma noite realmente agradável, onde a prosa caminhou de lula a aldo rebelo a policarpo quaresma a lima barreto e à mais duas doses de rum.

lerei o dito conto.