sábado, 22 de novembro de 2008

Cotas e o argumento da inveja.

Nesse sábado (22/11), o jornal A Folha de S. Paulo ostenta em seu caderno Cotidiano a seguinte manchete: “Com lei dos 50%, reserva de vagas triplicará nas federais” que se refere ao projeto de lei que já foi aprovado na Câmara do Deputados e vai agora para o Senado Federal, que trata da parcela no número de vagas reservada a estudantes de escolas públicas nas universidades federais.
Se apareceu na Folha, aparecerá em toda conversa do tio sem assunto, do gerente do seu banco, do cara de gravata no metrô, do casal sem amor voltando de carro para casa... Alias, se você, em algum momento dessa semana, precisar conversar com alguém e o assunto faltar, você irá sacar, quase que automaticamente, essa manchete.

Depois dessa pequena recapitulada de uma das cenas do nosso dia-dia, vem o puxão de orelha. Você, leitor, está proibido de dizer que com essa medida o nível das faculdades corre o risco de cair.

Pois esse é um dos argumentos mais pobres que você pode usar e veja motivo:

Quem já estudou em uma boa faculdade federal sabe qual o número de vagas que cada turma possui. Na Unifesp, por exemplo, a turma de enfermagem possui 88 vagas – 8 delas já no regime de cotas – imaginemos que metade delas fiquem comprometidas com as cotas teremos 44 para o sistema universal e 44 para as cotas dedicadas para alunos da escola pública, você realmente acha que no ensino público não possui 44 boas pessoas "capacitadas" para a turma de enfermagem na Unifesp?

Pensou? Imaginou? Difícil não encontrar 44 excelentes pessoas no sistema de ensino público para cursar enfermagem no Unifesp, né?

Isso se nós imaginarmos essa situação (mais ou menos) ideal, pois a concorrência irá surgir nesse grupo e alunos que poderiam "nivelar por baixo" o ensino superior simplesmente e cruelmente serão ceifados pelo vestibular.

Já faz anos que o ensino superior particular vem dando diplomas que não fazem mais que atestar a incompetência e desleixo dos que possuem e disso poucos reclamam. Ficamos cegos para esse caso e não entendo o porquê... Os que mais me irrita é que muitos dos que eu vi que utilizam o argumento esclerosado do medo da queda de qualidade nas faculdades públicas são, em grande parte, os mesmo que recorrem à mediocridade do sistema particular de baixo nível para conseguir o seu diploma superior e, pare eles, quando sairam a procura do seu canudo a qualidade pouco importava!

Cientistas (trocadilho que usarei, daqui em diante, para me referir aos leitores), vejo um sentimento que é combustível para esse argumento, e ele é a inveja. Essa vontade vil de possuir o que o outro tem é a mistura inicial para esse argumento da preservação da qualidade.

Agora pessoal tomem cuidado, pois quando conversarem com o engravatado no metrô para ser falsamente simpático, ele pode ser um cientista desse laboratório e quando você usar esse pobre argumento você pode ser rotulado de invejoso ou pior, “papagaio de revista semanal”...

ps: Pra adiantar, vou responder a primeira das críticas ao meu post. Não escrevi contra nem a favor das cotas, escrevi a favor do debate sobre as cotas e critiquei um argumento e quem a ele recorre para esconder sua pobreza de espírito.

11 comentários:

Anônimo disse...

hum, de fato interessante. Já temos inumeras teorias e argumentos, tanto a favor como contra a criação das cotas para alunos negoros e/ou oriundos de escolas publicas, e eu sinceramente nao tenho nenhuma que me tenha convencido complemtante, e tampouco desenvolvi uma teoria minha.
no entanto, farei alguns comentários com opiniões que tenho ja sedimentadas em mim.

O sistema de cotas no modelo em que está implantado é, ao meu ver, uma tentativa de tapar o imenso buraco que existe na educação básica no brasil. O estudante nao entra numa universidade publica porque é negro, porque é pobre e nao pode pagar um colegio particular. Nao entra porque o ensino na rede básica de ensino publica é lamentável, com falta de professores, condições precárias e tudo o mais com que estamos acostumados a ler em jornais.

Alunos de familias mais ricas entram, pois conseguem escapar dessa educação precaria pagando caro por colegios e cursinhos pre-vestibular, enquanto ensino de qualidade é um direito do cidadão, e é dever do estado provê-lo. Não é garantindo forçosamente que os alunos da rede publica de ensino tenham acesso à universidade que esse deficit de educação será sanado.

esse é apenas um dos pontos sobre os quais tenho certa convicção. Nao quero me delongar muito mais por aqui, minha cabeça está doendo, to com sono e nao to onseguindo masi pensar muito bem. mas esse post promete.

Jéssica Berger disse...

"Isso se nós imaginarmos essa situação (mais ou menos) ideal, pois a concorrência irá surgir nesse grupo e alunos que poderiam "nivelar por baixo" o ensino superior simplesmente e cruelmente serão ceifados pelo vestibular."
E aqueles que foram ceifados pelos alunos "de mais alto nível das escolas públicas" teriam cotas por também terem direito ao ensino público superior?
Não seria mais fácil, então, qualificar de vez o ensino básico para que as cotas deixem de existir?
Os que tomam desse argumento, de baixar o nível da universidades públicas devido ao sistema de cotas, são equivalentes a aqueles "ceifados",porém, estes não dispõem de um pai, por exemplo, pra bancar os estudos particulares.
Na minha opinião, cotas são desnecessárias. O necessário é o estudo pra passar no vestibular, seja ele público ou particular. As cotas não melhoram a situação no ensino básico, uma vez que, na minha concepção, elas se tornariam garantia de ensino superior para a parcela de estudantes públicos. Não é justo.
Da minha parte, o sentimento não é de inveja, é insatisfação. Da parte daqueles 'papagaios de revista semanal' (adorei) também não é inveja, é falta de instrução. Ou é culpa dos jornalistas que fazem um alarde por qualquer coisa (minha raça é ruim).

Anônimo disse...

Eu quero se foda os estudantes de escolas públicas.

Anônimo disse...

Eu acho que vestibular tinha que ser decidido no soco. Quero ver se eu não passava na Usp....

Anônimo disse...

HAEUHAEUAEHAEUHAEUHAEUAEHUAEHAEUHAEUHAEUAEHAUEHAEUHAEUAHEUAEH


AI CARALHO

Anônimo disse...

Aposto que ele leu isso na Veja!

Marcel Stats disse...

refletindo..

escreva sobre a putaria da meia entrada..

Anônimo disse...

antonioli, escreva como voce mesmo!

Vinicius Antonioli disse...

Tá, eu concordo com os três! (Batoceni, o garoto-propaganda da Unaerp e com o Vitinho).

Anônimo disse...

Eu não tenho inveja do Cotta. Pelo contrário, nós somos muito amigos.

Péptideo disse...

IHUASUIHEUASHESOUIEHSAUIOEHIHASIOEHASOUIEHUOIEHUIOEAHEOIUAHEOUIAHEOIUAHEOAIUEHUIOAUHSAIOEHOISAHE
inveja do cota